Prédio do Butantan que pegou fogo no dia 15.05.2010 não tinha sistema anti-incêndio

maio 20, 2010 at 3:21 pm Deixe um comentário

Primeiro tempo – dia 15.05.2010: Dia do Incêndio

O incêndio que atingiu o laboratório de répteis do Instituto Butantan, na zona oeste de São Paulo, na manhã deste sábado, 15 de maio de 2010, destruiu o acervo de animais mortos usados para pesquisa e estudo, entre as espécies havia cobras, aranhas e escorpiões. Segundo a assessoria de imprensa, não havia nenhum animal vivo no prédio que foi mais atingido. Algumas espécies que foram destruídas estavam mantidas em formol há aproximadamente 100 anos.

Segundo Francisco Luis Franco, curador da coleção do Butantan e responsável pelo laboratório atingido, havia aproximadamente 85 mil exemplares de animais para estudo no local.

O prédio conjugado ao laboratório de répteis comporta as espécies vivas, que foram retiradas durante o incêndio e não sofreram nenhum dano.

Questionada sobre as pesquisas de vacina, a assessoria afirma que estas não foram afetadas, já que são feitas a partir de animas vivos.

Segundo informações do Corpo de Bombeiros, o fogo, que se iniciou por volta das 7h35 da manhã, foi controlado cerca de uma hora e meia depois. Não há registro de vítimas. Dez carros de bombeiros e 50 homens foram designados para o combate às chamas no Butantan. Uma perícia será feita no local e a previsão é de que o resultado seja divulgado em 30 dias.

O instituto ficou fechado para visitações até a segunda-feira seguinte em decorrência do incêndio. O secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, esteve na manhã do sinistro no Butantan, e solicitou ao diretor do instituto, Otávio Mercadante, que a instituição elabore imediatamente um projeto para a recuperação do prédio.

Fundado em 1901, o Instituto Butantan e é um centro de pesquisa biomédica, vinculado à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. O órgão é responsável pela produção de soros e vacinas consumidos no Brasil.

Segundo tempo – dia 17.05.2010: Hora da verdade – Não havia sistema de combate a incêndio…

O prédio do Instituto Butantan que pegou fogo, onde ficavam os acervos de serpentes e artrópodes em formol e álcool, não tinha sistema automático de combate a incêndio. Projetado nos anos 1960, contava apenas com extintores, que deveriam ser acionados manualmente.

Em dezembro, um grupo de curadores encaminhou à Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) um projeto de melhorias estruturais e administrativas nos acervos do Butantan orçado em cerca de R$ 1 milhão.

Um dos pontos destacados era a necessidade de instalação de sistemas de detecção de fumaça e combate automático a incêndio. Assim que o calor e a fumaça fossem detectados, um alarme seria disparado e gás seria liberado para apagar o fogo.

No sábado, o incêndio começou às 7h45. Não havia ninguém no prédio para acionar os extintores e grande parte do acervo foi destruída –o local abrigava a maior coleção de cobras do mundo. Ao ser procurada pela imprensa a Fapesp não se pronunciou.

Um dia após o evento, o clima ontem entre os funcionários do Butantan era de desolação e indignação. “É uma tragédia da proporção do incêndio da biblioteca de Alexandria”, disse o curador da coleção de serpentes, Francisco Luís Franco.

Amanhã, quando o prédio interditado deve ser liberado para os funcionários, ele pretende fazer um levantamento mais exato da perda. “Só a coleção de serpentes tinha 85 mil exemplares. É possível que alguns não tenham sido queimados. Vamos fazer esse resgate.”

Para esse trabalho, Franco vai contar com cientistas que viajaram de outros Estados para ajudar na reorganização dos acervos. É o caso do biólogo da UFRJ Paulo Passos, que veio do Rio logo que teve a notícia.

Terceiro tempo – dia 18.05.2010: O que fazer…

Incêndio no Butantã põe museus de zoologia em alerta. Com acervo de 10 milhões de exemplares, Museu de Zoologia da USP só tem extintor – e é definido pelo próprio diretor como uma ‘bomba-relógio’.

O incêndio que destruiu o acervo de cobras e aracnídeos do Instituto Butantã fez soar o alarme sobre a falta de apoio à conservação do patrimônio histórico natural do País. Nenhum dos grandes museus de zoologia brasileiros conta com um sistema adequado de combate a incêndios. “Aqui só tem extintor”, diz o diretor do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZ-USP), Hussam Zaher.

Nem o fato de o museu ser vizinho a uma base do Corpo de Bombeiros deixa Zaher tranquilo. Alocado em um prédio histórico do Ipiranga, o MZ-USP tem um acervo de 10 milhões de exemplares de bichos da biodiversidade brasileira e mundial, de formigas e minhocas a onças e gaviões. Grande parte deles, preservada em potes com álcool – como se faz em qualquer coleção desse tipo no mundo. A coleção de cobras do Butantã, comparativamente, tinha cerca de 85 mil exemplares.

Apesar de o Butantã ser um órgão estadual, o incêndio provocou repercussões também em Brasília. Especialmente na diretoria de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA), que prepara uma carta pedindo mais apoio à conservação dos acervos biológicos do País. “Não podemos permitir que uma tragédia dessas se repita”, disse o diretor de Conservação da Biodiversidade do MMA, Braulio Dias. “O risco existe em todas as coleções. Nenhuma tem instalações adequadas para detecção e combate a incêndios.”

Em outro grande museu de história natural do País, o Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ), a situação é igualmente preocupante. Localizado num palácio que data da vinda da família real para o Brasil (1808), o local não conta com brigada de incêndio e grande parte dos hidrantes no entorno do palácio está sem água. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Reflexão: Faltam conhecimentos técnicos aos gestores, mas este conhecimento está disponível no mercado.

Pelas entrevistas publicadas pela imprensa, faltam conhecimentos técnicos de combate a incêndio aos gestores de acervos em risco. Não se pode exigir que gestores de Museus e Acervos Científicos tenham um curso de alarme detecção e combate a incêndio, mas é de se esperar que ou eles se informem ou busquem assessoria competente bastante capaz de dar as orientações técnicas necessárias ao caso.

Com fogo não se brinca e como ocorreu no Butantan e pode ocorrer em vários outros locais a extinção de exemplares únicos é para sempre. Portanto a prevenção de incêndio é algo que se justifica.

É necessário que as pessoas se conscientizem que um sistema de alarme, detecção e combate a incêndio serve para minimizar os danos de um sinistro a um mínimo possível dadas as condições iniciais do fogo. Um sistema deve ser engenheirado para atender as peculiaridades de cada risco envolvido, pois não há uma receita padrão de equipamento de combate a incêndio. Há os sistemas mais usuais, como os sistemas de sprinklers, o que não quer dizer que sua aplicação seja necessariamente “universal” em todos os casos.

No caso do Butantan o risco era composto por uma grande quantidade de frascos cheios de líquido altamente combustível. Um estudo preliminar indicaria a segregação do risco por paredes resistentes ao fogo dividindo o ambiente em áreas menores, de maneira a confinar um eventual princípio de sinistro a uma área de fácil controle e extinção, sem o risco de propagação para as áreas circunvizinhas. Cada uma dela protegida com meio extintor adequado ao combate a fogo em combustíveis, ou seja, Classe B. Adiante deveria ser definido o sistema de detecção, alarme e comando a serem aplicados.

De nada adianta instalar um sistema adequado de combate a incêndio se ele não é mantido sempre apto a entrar imediatamente em ação. Para tanto deve ser feita a sua manutenção rotineira de forma adequada e criteriosa. Seria como uma ambulância que na hora “H” estivesse sem bateria…

Também não se pode dizer que todos os acervos de São Paulo estão desprotegidos, citamos os exemplos da Pinacoteca do Estado de São Paulo onde a sua Sala Cofre assim como o acervo do Memorial da América Latina são protegidos por sofisticado e moderno equipamento de detecção, alarme e combate a incêndio fornecidos pela GIFEL Engenharia de Incêndio. Cabendo a ambas as entidades garantirem o funcionamento dos respectivos equipamentos de combate a incêndio através das necessárias manutenções rotineiras.

Entry filed under: Sem-categoria.

Depósito do Ponto Frio em Guarulhos SP pega fogo – 12.05.2010 Balão provoca incêndio em morro no Rio uma área de quatro hectares é destruída – 19.06.2010

Deixe um comentário

Trackback this post  |  Subscribe to the comments via RSS Feed


maio 2010
S T Q Q S S D
 12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930
31  

Blog Stats

  • 98.886 hits

Páginas